segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Secreta Sensação


Secretamente forcei meu coração a sentir impulsos vertiginosos
Sinceramente falei dos impulsos e não controlei meus medos mórbidos
Suspirei e sussurrei ao vento um grito desesperado com gemidos prolongados
Soltei os fios da minha boneca de porcelana antes dela fugir sem rumo
Sabendo das diversas sensações proibidas aos não tão abjetos

No inicio o sabor daqueles sonhos era doce como o mel
Na metade do ano esse sabor tornou-se amargo no fim dos sonhos
Nenhum desses lindos sonhos acabava com sorrisos e promessas cumpridas
Nivelei certos pesadelos e apontei as minhas falhas mais queridas
Nunca consegui colher todas as tuas delicadas margaridas

Apertei meu corpo junto ao corpo de um desconhecido
Abraçando uma tristeza alheia no olhar brilhoso daquele individuo
Alterei todos os verbetes no final de tuas frases e fiz uma canção de ninar
Alimentei em segredo as ilusões de uma paixão fadada ao fracasso
Arrumei a sala deixando o quarto ficar inteiramente sujo

Observei do alto de meu abismo interior as árvores queimando
Obriguei-me a não chorar pela dor de minhas amigas esverdeadas
Olhei para a terrível brincadeira do fogo rezando por uma chuva divina
Ofegante e confusa me atirei naquelas belas chamas vermelho-alaranjadas
O meu corpo foi queimando lentamente pouco depois acordei assustada pela sede

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Ver e não perceber


Vejo tudo embaçado e sem contorno.
Vejo o mundo de cabeça pra baixo.
Vejo o Sol na cor laranja.

Não vejo mais o azul nas folhas verdes.
Não vejo luz no fim daquele túnel.
Não vejo nada sem os óculos.

Vejo uma montanha imaginária de problemas.
Vejo o chão lajotado com vidros e pedras.
Vejo as mesmas cores desbotando.

Não vejo o amanhecer energizante dos pacientes.
Não vejo o teu quadro com linhas douradas.
Não vejo o interior deste corpo celeste.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Espaço figurativo




Em uma triste madrugada acordei suada
Olhei pras paredes do meu quarto
Percebi a minha ausência
No espaço figurativo
Desse cômodo
Esquecido

O ano terminou e as luzes simplesmente queimaram
O natal não está mais escrito nos meus cartões
É, acabaram com as nossas doces ilusões
Nas ruas sujas dessa velha cidade
Dezenas de bolas coloridas
Foram esquecidas

Do espaço alguém observa as estrelas cadentes
Entremeadas com milhares de pedras lunares
Caindo todas nessa nova Terra sem leis
Morreram os anos de festas e gozos
Esqueci-me de esquecer-me do final
Escolhi morrer no Natal

Neste belo mundo, mundano e coberto de lodo
É natal, nada brilha no meu estranho quintal
Dezembro morreu abraçado comigo
Ele será o meu eterno amigo
Não lamentou pelo fim
A morte é assim?

sábado, 3 de dezembro de 2011

Azulada


Olhar sem ver, sentir a luz pulsar
Beijar certezas e depois deixar pra lá
Sorrir dormindo ao lado de uma doce fantasia

Abrir os olhos e cismar sobre o luar
A lua azulada no formato do teu sorriso
Ver sem querer um eclipse dançando no infinito

Fechar a porta ao amanhecer
Escutar o teu canto sereno na cor azul
Subir montanhas em pensamento, tocando estrelas

Abraçar o calor do teu corpo
Esquentar a pedra de gelo daquele casebre
Contar as horas nos dedos dos pés

Preferir a incerteza do teu afeto
Proferir aquelas pilherias costumeiras
Desejar o perfeito sabor dos teus lábios molhados

Esquecer o passado no desenrolar das horas
Agradecer ao inevitável por não intervir nesse instante
Professar um encantamento atemporal na tua sala de jantar

Azulejar as idéias olhando teu rosto
Rezar para a Lua iluminar o nosso caminho
Registrar tudo num velho e amarelado pergaminho