segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Quase morte


Vislumbre do infinito no espelho d'água;
Carnavalizar com o medo em folias vans.
Eu coisifiquei o pós-vida no momento presente
Abraçando o meu e o teu passado afetuosamente.

Numa quase morte encontrei a lógica da vida,
Procurei as brechas nas páginas não-lidas;
Um coração só bombeia o sangue?

Mentir quando a verdade escapa
E o controle remoto te quebra.

É quase morte divina!?

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Lacunas no tempo



O ontem não passou
de belo beija-flor
sem violetas na janela

Voando baixo
rente a minha porta
um bem-te-vi

Ao pôr-do-Sol dourado
com pintas azuis
em nuvens borboletas 

Lacunas no espaço
o tempo é um presente
e há violetas roxas na janela

O hoje acabou
mais uma festa começou
e alguém morreu num leito hospitalar

Ninguém chorou
pobre beija-flor sem flor
lindo que te vi num bem-te-vi

Iluminada hora ignorada
na lacuna do porvir
o tempo chora

É só o tempo de ir embora
Ou agora ou no depois
sem revirar voltas

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Halten Sie!


Halten Sie!

Parei na contramão por distração, olhei
os retrovisores do meu carro azul marinho
e segui por outro caminho rezando devagarinho
pros guardas não notarem a minha existência,
enquanto eu dirigisse livre e sorridente.

Halten Sie!

Duas ruas antes da minha casa
o carro estancou e um guarda me abordou,
por dentro o medo me congelou, por fora
eu sorria e dizia rapidamente que estava
tentando adaptar-me à leveza do meu carro novo.

Halten Sie!

O guarda me multou, a minha identidade
ele segurou mostrando autoridade e nenhum
pingo de piedade, a tristeza preencheu-me
inteiramente, por saber que tudo não passava
de um acidente inocente; adeus carrinho novo!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Ousadia



Ousei rasgar tuas vestes
Cobrir teu corpo nu com folhas
Esmagar rosas em teus cabelos negros

Ousei colorir tuas mãos brancas
Colocando tinturas rubras
Nos pinceis mágicos

Ousei por ousar
Criei por criar
Ousadia