sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Maktub, Margarida.






Esqueça das incongruências da vida, esqueça da raiva, pense no além dessas irritantes sensações breves. Pense na calma, na tranquilidade, pense na beleza de um momento ao observar as nuvens. Observe as gotas da chuva e esqueça das tristezas.
Querida Margarida, não pense na dor, esqueça da dor. Observe as estrelas e pense na emoção de sentir o vento lamber suas bochechas, observe as cores do céu e pense no azul. 

E lembre que maktub não é só uma palavra, maktub é uma verdade. 




(Orquídea)

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Areia



Ressecada e amarela,
Cor da pele de um estranho,
Gosto na boca depois de passar.

A brisa vem devagar e devagar,
O vento sopra mesmo no fundo do mar,
Gosto de dor e sangue no céu da boca.

Parece um recomeço no meio,
Ou só o fim de uma etapa
Com gosto de areia.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Vale



Ele se foi com as gotas da chuva, sumiu cantando, evaporou. Encantou a Morte, seduziu a Vida, abraçou o Desespero, levou consigo o Destino e me deixou com um aperto de mão, lembro-me do seu intrigante sorriso como se fosse um raio de luz aquecendo o meu coração. Era uma chama que ardia e derretia a neve ao redor do meu corpo gelado. A chama se apagou no momento em que ele soltou da minha mão e saiu de cena, restou-me a dolorosa lembrança do seu sorriso caloroso, daqueles lindos dentes brancos e levemente tortos, daqueles olhos que inundavam minha mente de pensamentos sobre o Oceano e a delicadeza do azul. A saudade esfaqueou-me no peito, senti a dor antes de ver a porta se fechar por completo. Quando ele partiu, um pedaço do meu coração também seguiu junto com ele, e eu fiquei no mesmo lugar com o coração incompleto e sentindo-me completamente quebrada por dentro.

Vale, insanus puer, ave.

Ele se foi com o sol e a luz do raiar de cada dia, levou consigo as melodias que faziam a alegria criar raízes dentro de mim, ele simplesmente iluminava o que agora é escuridão e lamúria. A lembrança não pode ser esquecida, a dolorosa lembrança de um adeus indesejado nunca poderá ser apagada de minhas recordações, a faca ainda corta o que deveria permanecer inalterado, o coração continua gemendo a cada batida que escuto em minha porta. E falar com a Morte não restaura as emoções do ato de sentir o calor de seu sorriso, a dor de ter beijado o ar que ele respirava é pior do que cair no abismo sem fundo de um pesadelo e não conseguir acordar antes de atingir o solo. O calor deve ter ido embora junto com ele, aquele calor que me aquecia nas noites frias, agora a neve voltou a se acumular ao redor do meu corpo.

Vale, insanus puer, ave.


segunda-feira, 8 de julho de 2013

PENSE NAS NUVENS



Pense nas nuvens,
pense na brancura das nuvens
e esqueça-se dos versos.

Pense no céu,
pense na finitude do azul
e esqueça-se das cores.

Esqueça-se dos versos,
esqueça-se das cores
e morra sem dores.

Pense na delicadeza das nuvens,
na esvoaçante beleza das nuvens,
pense no formato das nuvens.

Pense um pouco na dor,
cante um pouco, por favor,
e esqueça-se dos versos.

Pense um pouco nas lágrimas,
escolha entre sorrisos e magoas,
por fim, pense nas nuvens.

terça-feira, 4 de junho de 2013

O Lado Surreal do Amor

                                                                 
 Dedicado aos queridos e inesquecíveis amigos(as)

Amor amigo com laços de fita.
Amor certeiro flechado no coração.
Amor ao infinito, além da morte.

Amor além da sorte, além do horizonte.
Amor-amizade salutar sem começo e sem final.
Amor que é como um vendaval.

Amor-correnteza que só gera certeza.
Amor que nasce da sua maior nobreza.
Amor atemporal com pitadas de sal.

Amor sem contorno que transborda
em linhas tortas e preenche o quadro todo.

Amor além da morte repleto de vida,
repleto de luz, repleto de recordações.


quarta-feira, 24 de abril de 2013

Divagação nº3



Um dia, um verso, um sentimento.
Um retrocesso, um raio-X, um impedimento.

Pensamentos aleatórios sobre o porvir.
Pensamentos que geram outros pensamentos.

Um dia, um desfecho, um sentimento.
Um retrocesso, um fim inesperado, um desapontamento.

terça-feira, 16 de abril de 2013

particular-mente

veja só esse céu cor do mar
veja a lua e beije alguém
veja a cor do amor

solte o fio do destino
solte fogo no ar
solte a corda

veja o brilho no olhar
veja a face no azul
veja só essa cor

solte sua mão da minha mão
solte um grito estridente
solte essa dor no ar

veja agora alegria em meu rosto
veja bem essa curva na boca
veja o risco nesse papel

solte as folhas bem devagar
solte fagulhas na água
solte versos no ar

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Pai (?)



Noites chuvosas e nenhuma história para dormir,
Sem explicações prestimosas antes do Sol surgir,
Lições valiosas perdidas por culpa de quem?

Uma falta enorme nos momentos de grande pressão,
Arquétipos alterados numa ausência total de convicção,
Simploriedades registradas pela perda da razão!

Pai (?) Pai (?) Pai (?) Pai (?) Pai (?)
Nenhuma resposta, nenhum resultado, todavia, ele continua
Fazendo parte desta minha existência por culpa de nossa bela convivência.



quarta-feira, 27 de março de 2013

Canção verde


O dia só começa depois que as árvores cantam. Não é vertigem ou fantasia breve, o dia só começa quando o vento sopra as folhas verdes. Talvez seja loucura, ou pura idiotice, talvez, não seja uma miragem, nem alucinação. Talvez seja um lamento em forma de canção, as árvores gemendo porque choram, as árvores que gritam ao cair no chão. O dia só começa após essa canção!

Os pássaros não cantam como as árvores, os pássaros invejam esse cantar, e as árvores que gemem continuam a chorar. Para elas sua música é choro apenas, nada mais do que gemidos em forma de poemas. As árvores não sabem recitar!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Sem necessidade de título


Nenhum verso inflama,
nenhum verso arrebata a dor.

O maldito rato vai passando pela sala,
não tem medo do veneno que o aguarda na cozinha.

E o verso morre na garganta do poeta,
o verso morre na garganta.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Quase adeus

Falta um pouco mais de alma na hora de entender a surrealidade do adeus.


Falta-me calma, ou a calma não falta,
Sinto meus pés afundando na lama,
E chegou a hora de partir.

Entender o adeus,
Compartilhar a tristeza,
Escrevendo sobre a surrealidade do adeus.

Eu não sinto minhas pernas, não sinto o chão,
Sinto apenas o frio em meus ossos,
Estou acenando na chuva.

Falta um pouco mais de alma na hora de sorrir,
Quero entender a surrealidade do fim,
Quase corri ao encontro da dor.

Esse é um quase adeus ou parece um adeus?
Não sei diferenciar o que é do que não pode ser,
Não sei amar sem pensar na trama do fim.

Falta-me um pouco de sentimento,
Quase não vejo além do azul,
Esqueço do adeus.

Entalei na garganta o choro,
Fiquei calada olhando o céu cinzento,
É fácil sorrir quando anoitece e a dor adormece.