quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Fútil ilusão



Ela correu dos braços d'Ele,
Ela andou chorando e cantando,
Ela faleceu em plena queda.

O Senhor das Trevas aplaudiu,
O adeus engatado na garganta,
O calor em meio ao frio.

A capa vermelha lhe cobriu,
A felicidade era ilusão.
A sua fútil ilusão.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Quase verso




A
minha coruja é vesga, não sei dizer como nem porque,
A minha coruja tem amora no peito e não sorri,
A minha coruja poderia ser um bem-te-vi,

A minha coruja é multi-verso e multi-amor,
A minha coruja não tem nenhuma flor,
A minha coruja é multi-cor.

A minha coruja rasgou a minha pele,
A minha coruja se pintou nessa minha pele,
A minha coruja é surreal, não tem vida nem final.

A minha coruja é surreal, ela marcou um ciclo no final,
A minha coruja voará sempre no mesmo lugar,
A minha coruja viverá em minha carne.

A minha coruja é sangue e dor,
A minha coruja é um rabisco alucinante,
A minha coruja é coruja e vai além do véu transcendental.

domingo, 28 de outubro de 2012

Chaves enferrujam




Chaves perdidas
Chaves quebradas
Chaves enferrujadas

As minhas chaves somem
Somem e se quebram
Quebram e enferrujam

No coração a chave enferrujou
Enferrujou a chave dentro do meu coração
Dentro do meu coração a chave enferrujada se quebrou

E se perdeu a chave do meu coração
Dentro da fechadura a chave enferrujou
E no meu coração a ferrugem se alojou

As chaves enferrujam
Normalmente as chaves enferrujam
Novamente as chaves somem ou enferrujam

Enferrujei também
Enferrujei perdida e absorta
Enferrujei dentro deste mundo

Calei bem fundo a dor
Enferrujada e quebrada
Calei bem fundo a magoa

No coração a chave enferrujada
Permanece incrustada
Quebrada

E incrustada vai enferrujando
A chave que um dia dei a minha amada
Permanece em meu coração incrustada e enferrujada

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Outra verdade


A vida é breve ilusão, fantasia vã que evapora.
Vai passar. A sensação, a realidade não, a realidade é concreta.
Viva, pare de pensar na morte, a morte é outra vida.

Chorar por nada, chorar em plena madrugada não é piada.
Ter alucinações em plena viagem astral é surreal.
A vida é breve ilusão, fantasia vã que evapora.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Realidade paralela


Menos uma folha de papel
Canetas colorindo o arco-iris
Rascunhos na madeira

Palavras esquecidas em teu olhar
O calor do teu afeto faz suar
Tua doce voz é melodia salutar

O amor é uma flor roxa (?)
Amar-te eternamente é fantasia
Calar-me-ei por algo além do ontem

Observar-te é minha cina
Parta e volte sempre com sorrisos
Diga adeus e ame a minha falta de sorte

Ame-me até o fim e um pouco além
Esqueça o quanto você é importante
Não deixe de acreditar no sentimento

Amor assim é como o vento
Viver assim é meu tormento
Amar-te-ei sem nenhum lamento

A vida é breve e você sonha
Outras vidas vertendo lágrimas
É noite e o frio é nosso melhor amigo

Quero dormir contigo
Quero casar contigo
Quero envelhecer contigo

E no entanto nem posso beijar tua mão
Agora nem posso olhar-te com desejo
Devo morrer na solidão por capricho do destino

Mereço verter milhões de lágrimas
Sou a pior das amantes
Morrerei sozinha

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Castelos de areia



Nas dunas estelares de Uranus
Milhões de fagulhas cósmicas,
Trilhões de pedras na superfície.

Castelos de areia e nenhum fogo,
Granizo verde no chão escuro,
Outra metáfora da vida urbana.

Olhando as nuvens avermelhadas
Pelo canto das pálpebras ressecadas,
Observando estrelas mortas; é madrugada?

Castelos de areia e caos, casas de fazer desconforto,
Riachos artificiais na beira da estrada, enquanto a colisão
É inevitável, esses mares embelezam a Terra.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Vinte e Quatro



Vinte se foram
Quatro ao nascer
Vinte e quatro ilusões

Sem quatro questões
Como milhões num frasco
Comprimidos mágicos
Sabores ardentes
Vinte e quatro
Sorrisos

Quatro decepções
Vinte e poucas alegrias
Nenhuma metáfora
Por envelhecer


Vinte e quatro em carne
Recolhendo floreios
Aprendendo valores
Revivendo amores
Envelhecendo

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Aspirações



Conspirações entre Universos
Aspiradores do além
Fagulhas do fim
Escolhas

Complicações
Outras ilusões no limbo
Mesóclises ocasionais na mesa

Lirismo ao pé dos fatos
Egoísta-mor sutil
Insinuante ardil
Temperamental afã
Escolha as ditas aspirações

terça-feira, 5 de junho de 2012

Querer avesso



Querer rasgar o peito,
Cortar todos os ligamentos
E despedaçar as vísceras com as mãos.

Querer morrer de amor,
Cortar toda e qualquer dor
E despedaçar as flores do quintal.

Querer sair do ar,
Cortar as sinapses neurais
E despedaçar as lembranças surreais.

Querer macular o céu,
Cortar as nuvens em pleno ar
E despedaçar as conchas no fundo do mar.

terça-feira, 1 de maio de 2012

AMOR AO INFINITO


A lua no formato do nosso amor
Zelosa de carinhos e atenção
Uma mistura de enganos
Lindas ilusões
Amor imperecível
Doce saudade exagerada
Aquele beijo certo na hora errada

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Divagações


Um giro perfeito não deveria nos deixar tão zonzos.
Uma alegria antiga não deveria fazer-nos chorar.
Um olhar familiar não deveria nos magoar.

Um beijo antes do adeus não deveria ser sobre o fim,
Um beijo apenas alegraria e iluminaria o todo.
Um beijo assim não deveria acontecer.

Um giro perfeito não estremece o mundo?
Um mundo perfeito não gira a todo segundo?
Um adeus sempre destrói os nossos mundos?

Uma alegria furtiva e profunda.
Uma tristeza sem final.
Uma verdade.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

La película



La película?


Uma película em preto e branco azulada.
O brilho no olhar de alegria.
Uma falta de razão aparente.
Lampejando insanidade, sorrindo.

sábado, 3 de março de 2012

Mudanças


Algumas folhas rabiscadas
Unidas com barbante
E cola de isopor

A agenda nova em folha
Amarelo-claro, verde-oliva, azul
Com papeis mágicos cheios de possibilidades

Buracos de minhoca no meu Universo
Um mar reverso cheio de caos
Com algas desidratadas

A menina dos meus olhos
Cegou minha razão antes de partir
Com mudanças que poderiam se convergir

Essa brevidade do Ser
Parece falácia do inconsciente
O coletivo é onipresente nesse mar revolto

Mudei-me completamente por dentro
Costurei botões em minhas mãos
Alinhavei as bainhas do destino

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Quase morte


Vislumbre do infinito no espelho d'água;
Carnavalizar com o medo em folias vans.
Eu coisifiquei o pós-vida no momento presente
Abraçando o meu e o teu passado afetuosamente.

Numa quase morte encontrei a lógica da vida,
Procurei as brechas nas páginas não-lidas;
Um coração só bombeia o sangue?

Mentir quando a verdade escapa
E o controle remoto te quebra.

É quase morte divina!?

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Lacunas no tempo



O ontem não passou
de belo beija-flor
sem violetas na janela

Voando baixo
rente a minha porta
um bem-te-vi

Ao pôr-do-Sol dourado
com pintas azuis
em nuvens borboletas 

Lacunas no espaço
o tempo é um presente
e há violetas roxas na janela

O hoje acabou
mais uma festa começou
e alguém morreu num leito hospitalar

Ninguém chorou
pobre beija-flor sem flor
lindo que te vi num bem-te-vi

Iluminada hora ignorada
na lacuna do porvir
o tempo chora

É só o tempo de ir embora
Ou agora ou no depois
sem revirar voltas

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Halten Sie!


Halten Sie!

Parei na contramão por distração, olhei
os retrovisores do meu carro azul marinho
e segui por outro caminho rezando devagarinho
pros guardas não notarem a minha existência,
enquanto eu dirigisse livre e sorridente.

Halten Sie!

Duas ruas antes da minha casa
o carro estancou e um guarda me abordou,
por dentro o medo me congelou, por fora
eu sorria e dizia rapidamente que estava
tentando adaptar-me à leveza do meu carro novo.

Halten Sie!

O guarda me multou, a minha identidade
ele segurou mostrando autoridade e nenhum
pingo de piedade, a tristeza preencheu-me
inteiramente, por saber que tudo não passava
de um acidente inocente; adeus carrinho novo!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Ousadia


Ousei rasgar tuas vestes
Cobrir teu corpo nu com folhas
Esmagar rosas em teus cabelos negros

Ousei colorir tuas mãos brancas
Colocando tinturas rubras
Nos pinceis mágicos

Ousei por ousar
Criei por criar
Ousadia

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Vejo um giro perfeito


Vejo beleza nas raízes daquelas árvores mortas.
Vejo o infinito no olhar daquele gato preto.
Vejo a vida passar correndo por mim.
Vejo rochas na cor do nosso céu.
Vejo sinais nas frutas verdes.
Vejo loucura no espelho.
Vejo um giro perfeito.
Vejo fantasmas.
Vejo você.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Intervalo calculado


Intervalo entre o talvez e a certeza
Pouca beleza florescendo entre as ervas
Certas ilusões tornando-se distantes recordações
Um calculo aleatório dessas probabilidades quânticas
Algumas gotículas de uma saudade muito antiga
Sobreposições desestruturadas no telhado
Aquela mangueira velha não existe
Suas mangas foram furtadas
As raízes continuam
Intocadas


Partilhei a minha doce nostalgia
Com alguns daqueles fantasmas andarilhos 
Buscando sem destino a verdadeira luz do luar
Encontrei num breve intervalo calculado a tua loucura
Abracei-a sorrindo e sublimando minhas dores
Sussurrei ao rei dos pérfidos um segredo
Calculei a extensão do horizonte
Nos intervalos irregulares
Destruí falsas teorias

sábado, 7 de janeiro de 2012

Desilusão


Não é fascinação?
Não é pura ilusão?
Não é por emoção?

Da onde vem essa desilusão?
Qual a razão de sentir tanta solidão?
Se internamente já aceitei a tua rejeição.

O meu corpo não expressa as minhas dores,
Os meus olhos não visualizam belas cores,
O horizonte não se destacou nas folhas.

Desejei um sono sem sonhos,
Desejei tocar o infinito novamente,
Desejei morrer com um dos teus beijos.

Tive lampejos de insanidade e fúria,
Colhi amoras no quintal de Gaia,
Enterrei o amor desesperado.

Cultivei a serenidade das flores murchas,
O meu jardim se encheu de lama,
Reguei-o com minhas lágrimas.

Desilusão não rima com imensidão,
Desilusão não faz um belo verão,
Desilusão enferruja o coração.