quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Letargia da manhã

Letargia
Doce melodia da manhã
Misturando sons de pedras com argila
Sinais invisíveis nos rostos dos desconhecidos
Artérias pulsando na resina, descontroladas
Manhã fria, nenhuma alegria no olhar

Mesmices em câmera lenta passam na tela da TV
E no céu as estrelas brilham após deixarem de existir
São sonhos destroçados que ninguém ousa ver
Em um segundo tudo pode acontecer
Na louca ilusão de mudar o mundo
O ideal decadente
Demente

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Dormência


Dormiram as seis
Dormência das sete e meia
Demência pras oito
Deméritos às oito e meia

Dormência mal dormida
Dolorosa despedida
Dois terços e nenhuma medida
Distante ao sabor das nove

Doidas iludidas
Domésticas sem lar
Dar-te-ão belos romances
Das dez às onze e trinta

Donas de bar
Deusas da noite fria
Divinas mulheres anonimas
Dormentes

Dor e um pouco de amor
Devaneio coletivo
Delírio intuitivo
Dormência 


domingo, 25 de setembro de 2011

Atração intensa



                     Para Eliakim Silva


É um querer avesso, um querer além
É atração intensa, uma atração envolta
Nessa sombra de sensações e tentações

As belas palavras já se esgotaram!
O corpo carece de algo mais, algo além
Dessa mistura delicada de frases e sentenças

Que versos raros o teu corpo me oferece?
Aperte um pouco essa corda, soltando além
Daqueles fios amarelados e prenda o meu cabelo

Desperte o seu lado animal, seja selvagem, selvagem
Correndo atrás de novas aventuras, além das folhas secas
E do lago azulado estão todos os meus medos, loucos e enjaulados

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Desperdício?


Desperdício, ou desprovido de indicio?
Devaneio, sonho com algo do além no meio.
Despedida, realidade cruel dessa vida.
Dever, não é sobre você!

Despir, com a chuva e o vento...
Devorar, sim, cada fatia bem devagar.
Desvirilidade, é coisa da nossa idade?
Devotada, fiquei de mãos atadas.


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Um pouco...


Um pouco de dor, muito de amor, algumas gotas de saudade.
Guardei na bolsa todos os bombons, moedas e sorrisos.
Guardei também o cheiro forte daquela terra seca.

Um pouco de brisa, nada de mim, foi bom assim?
Perdi as horas dormindo bem ao lado dele...
Perdi também a fala e voltei confusa.

Um pouco de fantasia, sem alegria, sorria!
Beijei as melhores incertezas sem medo, sem lamentar.
Beijei também teus lábios tímidos, meu bem.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Viagem ao passado


Aquela sensação de perda aumentando
Aquele sentimento descompassado
Aquela loucura breve e azul
Aquele desespero frágil
Aquela manhã escurecendo
Aquele medo de sair do teu ninho
Aquela pressão aos poucos vai crescendo
Aquele beijo incerto no momento certo
Aquela tua luminosidade detalhada
Aquele afago ocasional na nuca
Aquela ligeira tristeza alegre
Aquele abraço cheio de carinho
Aquela confortável conversa dispersa
Aquele vinho batizado com algo forte e amargo
Aquela dança solitária em plena multidão
Aquele sorriso amarelo quando saiu
Aquela beleza rara de arrepiar
Aquele passo devagar
Aquela viagem ao passado
Aquele aperto no peito antes de partir
Aquela cisma passageira ao recordar tua face
Aquele encantamento precioso no olhar
Aquela mensagem no meu celular
Aquele sentido profundo no vasilhame
Aquela alucinante certeza de voltar renovada

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Coisas da vida?




São coisas da vida, são parte do todo. Por quê?
Essas palavras nunca me explicaram nada,
Além do obvio desinteresse humano
Que vejo exalar no ar...

Coisas da vida em qual sentido?
Porque a casualidade universal não existe,
As consequências são parte de algo muito maior,
Então, concluir que tais coisas são parte da vida me enoja.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Reencontro



O tempo, meu bem, ele te fez tão bem!
A visão de tuas formas e cores me encantou,
Nosso reencontro mesclou sabores estrangeiros.

Ser um pouco paciente fez dessa melodia um verso raro,
A energia e o ritmo do Universo, ou talvez o caos atraiu-te para mim
Com suavidade, porém, não esqueço da beleza em teu olhar.

Encontrei-a num canto, sorridente, revestida por algum encanto,
Não era miragem ou alucinação; eu podia ver e tocar a tua mão,
Abracei a nossa saudade que me sorriu de verdade, verdade!


quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Surrealidades



A cor do dia ofusca em demasia essa minha claridade latente.
Olhar tantas figuras dementadas acalma minha mente amalucada. 
Verdes folhas, flores ausentes. E cimento por todos os lados.
Com concreto e grades nesse meu lar-prisão-ideal-surreal.
O coração não chora como antes; as mãos não tremem tanto quanto os pés.
Os teus gemidos não fascinam mais aos meus ouvidos.
Nada me fascina nesse instante.